O golfe turístico é o produto/motivação que até hoje, verdadeiramente, mais contribuiu para atrair turistas ao Algarve nos períodos de menor procura, assumindo-se como o principal responsável no esbatimento da maior fragilidade regional – a sazonalidade.
Estes turistas são de mais elevada condição económica e social do que o padrão médio daqueles que nos visitam anualmente, deslocando-se ao Algarve especialmente nas épocas de Outono, Inverno e Primavera.
A importância do golfe no desenvolvimento económico e turístico do Algarve é determinante não só para a captação de novos investimentos, nomeadamente em matéria de turismo residencial, como para o alargamento dos factores de atracção e realização económica e turística da região, devendo ser entendidos numa perspectiva mais global, consubstanciada na qualificação, desenvolvimento e sustentabilidade da produção estruturada do turismo algarvio.
Os campos de golfe do Algarve apresentam uma elevada qualidade média, traduzida no facto de algumas destas unidades se encontrarem incluídas nas melhores da Europa, tendo o Algarve sido eleito diversas vezes “O Melhor Destino de Golfe Turístico do Mundo”.
O golfe turístico é, actualmente, uma referência em termos de qualidade, sendo, muito justamente, apontado como um exemplo a seguir por outros concorrentes, designadamente no que se refere à introdução de sistemas de gestão de qualidade ambiental.
Neste contexto, o produto/motivação golfe turístico apresenta-se como prioritário para o desenvolvimento sustentado do turismo, o que só por si justifica a necessidade em ver reforçada a marca “Golfe do Algarve”, através da promoção de acções tendentes a afirmar a região como um dos principais resorts de golfe turístico a nível europeu e mundial.
A facilidade de acesso aos campos, 30 a 45 minutos dos respectivos locais de estada, aliada às excepcionais condições climatéricas que permitem a sua prática todo o ano, constituem mais valias competitivas importantes, já que os campos de golfe dos países de origem dos jogadores/turistas se encontram encerrados ou sofrem severas restrições de utilização devido aos rigores de clima aí existentes.
O desenvolvimento do golfe algarvio complementa e constitui uma mais valia competitiva da oferta turística algarvia, até porque os desafios decorrentes das alterações derivadas da crescente internacionalização e interdependência das relações económicas entre países – a globalização – impõe aos produtos ditos tradicionais, como é o nosso caso, uma revisão das suas concepções de desenvolvimento.
Contudo, e para que conste, o golfe enquanto actividade económica autónoma não é rentável, uma vez que envolve investimentos muito elevados e está sujeito a custos de exploração muito altos, incluindo uma carga fiscal excessiva e despropositada, cujo maior exemplo é o IVA à taxa máxima.
O golfe deve ser entendido, sobretudo, enquanto factor de promoção do turismo residencial e atracção de IDE (Investimento Directo Estrangeiro), funcionando ainda como catalisador de procuras turísticas ditas normais, atendendo a que cada jogador viaja, em média, com mais 3 acompanhantes.
Para além de promover uma maior racionalidade e satisfação económica e social, o golfe contribui ainda para a qualificação da oferta a para o aumento competitivo do destino Algarve como um todo, sendo, por isso mesmo, prioritário para o desenvolvimento do turismo do Algarve.
Ao gerar um importante valor acrescentado por hectare, contribui ainda para a sustentabilidade da ocupação humana do território, impedindo que muitos outros hectares possam ser ocupados por actividades menos rentáveis.
Daí que a “guerra ao golfe”, veiculada por alguns sectores da vida e da sociedade regional e nacional, resulte de uma bolha especulativa que não tem base científica e que assenta em preconceitos contra o golfe em particular e o turismo em geral.
Com uma facturação bruta anual de cerca de 80 milhões de euros e um efeito multiplicador em outros sectores quantificado em 3 vezes por cada jogador, gera directamente mais 240 milhões de euros, elevando as receitas totais para valores superiores a 400 milhões de euros anuais.
Atrai mais de 250 mil jogadores estrangeiros todos os anos, a que correspondem mais de 1,3 milhões de dormidas, representando 6,5 por cento dos turistas e das dormidas totais da região em cada ano.
62 por cento destes turistas/jogadores são de origem britânica, 9 por cento alemães, 8 por cento irlandeses, 6 por cento holandeses e 5 por cento portugueses, ou seja, 95 por cento dos jogadores são estrangeiros.
Acresce que o Algarve dispõe do equivalente a 38 campos de golfe de 18 buracos que, no seu conjunto, transaccionam 1,293 milhões voltas / ano, uma média de 34.039 voltas por campo, número considerado notável em termos internacionais, onde a média ronda pouco mais de 14 mil votas anuais.
Já agora, a título informativo, convém esclarecer que, no Algarve, a agricultura é responsável por 73,5 por cento do consumo total de água, os espaços verdes consomem 6 por cento, a população residente 10 por cento e os restantes 10 por cento são consumidos pela população turística.
É nossa convicção que a projecção internacional da região como uma das principais áreas resort de golfe do mundo passa pela organização de eventos que, pela sua natureza e enorme cobertura mediática, possam afirmar cada vez mais o Algarve junto dos mercados internacionais, através da sua inclusão nos calendários europeus e mundiais das grandes realizações.
Assim, a realização do Open de Portugal, prova que mais uma vez tem lugar no Algarve, à semelhança do que vem acontecendo nos últimos anos, suscita as atenções dos golfistas e aficionados deste desporto e dos media em geral, divulgando em paralelo as excepcionais condições existentes para a prática desta modalidade ao longo de todo o ano, bem como as realidades de toda a oferta turística regional.
Este tipo de eventos, pela sua grande mediatização internacional, ultrapassam o mero interesse dos campos de golfe, funcionando como meios privilegiados de promoção e divulgação turística do Algarve.
E se é verdade que os países e as regiões se desenvolvem segundo as vocações que lhes são próprias, também não é menos verdade que isso implica da parte dos poderes públicos a elaboração de análises e de políticas económicas sectoriais específicas, assim como o compromisso do Estado na criação de condições que visem apoiar e facilitar esse mesmo crescimento económico e social, nomeadamente ao nível das verbas necessárias para a sua promoção e divulgação.
Tanto o governo como o sector privado consideram que a atenuação da sazonalidade é um factor importante para se conseguir uma maior rentabilidade das empresas e, não menos importante, uma melhor utilização e gestão racional dos recursos e serviços públicos. Está em causa quebrar um ciclo vicioso, mobilizando e conjugando esforços que conduzam a uma acção sustentável e sustentada de atenuação dos efeitos da sazonalidade turística e económica do Algarve.
É também consensual que isso só será possível através da diversificação de produtos e de mercados, designadamente em áreas como a animação turística, onde se situa o desenvolvimento do golfe, como um dos produtos que mais contribuiu até hoje para enfrentar com sucesso esse desiderato.
O golfe engloba o reforço de um conjunto de actividades necessárias para uma política consensualizada de qualificação dos factores de produção, tanto mais que a procura é suscitada pela oferta, mas é a procura que determina o seu sucesso, uma vez que as variações conjunturais, estruturais ou sazonais da procura turística têm origem, na sua base, em razões essencialmente de ordem económica e social.
* Presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve