Entre a ausência de ética, da razão, e a imposição da disforia
Era impossível pedir a Cristiano Ronaldo um conjunto de predicados para os quais ele na sua curta existência de vida, jamais teria podido tomar conta, para além do seu mundo do pontapé na bola, que como bem sabemos, em matéria de atributos louváveis frutifica maculadamente pela sua quase inexistência.
Colocamos uma perguntar no ar; será que Ronaldo ter-se-á deixado enfeitiçar pelo mundo das “sociedades offshores” que dão descaminho nalguns casos a elevadas transferências de capitais, eximindo-se dessa forma à sua declaração ao fisco, algumas vezes de rasto difícil? Então, se ele se deixou hipnotizar por esse mundo fácil, neste caso tropeçou com a “hacienda” (fisco) espanhola de enorme eficácia na perseguição a casos de dinheiros tentados a fugir ao pagamento atempado dos impostos devidos.
É consabida a larga a experiência da “Autoridade Tributária” espanhola em todos e quaisquer casos do foro de fugas de imposto, utilizando ferramentas de elevada eficiência na sua detecção. E quando o fisco prenuncia que terá havido fuga aos impostos, já não se trata de mera hipótese, mas sim, de uma quase certeza absoluta. E assim parece ser o caso de Ronaldo, ao ser para já indiciado num processo dessa natureza. A nós vulgares cidadãos, não nos compete emitir opiniões acerca de matéria que desconhecemos em absoluto de que que lado estará a razão. Para já, o futuro de Ronaldo não parece ser o melhor em matéria da sua imagem pública.
O que sabemos ou previsionamos, é a possível queda de um ídolo aos olhos dos seus adversários em Espanha, que, como poderemos imaginar serão muitos, e mais que não seja, no intuito de o minimizar psicologicamente, e com tal atitude reduzir os níveis de confiança de Ronaldo.
Ao nível do foro interno (Portugal), pensamos que os órgãos de imprensa irão tentar até aos limites do razoável suportar a imagem conseguida por Ronaldo na opinião pública. Em caso de se vier a confirmar a sua culpabilidade, tudo cairá ao solo, sem qualquer espécie de defesa, já que, a paciência do povo português também tem limites.
* Historiador-investigador da FLUC