Não raras vezes, defrontei-me com situações em que me parecia que todas as portas se tinham fechado e os caminhos se enredavam em silvas agrestes que me impediam de avançar. Quase me apetecia deitar-me, de papo para o ar, à espera do último bafo. Só que nós somos mais resistentes do que pensamos e vamos buscar recursos onde nem sonhávamos que existiam. Tudo acabava por dar certo, com esforço, teimosia, determinação. E quanta alegria vinha depois! Viciei-me em teimar e nunca desistir. Quando olho para este Mundo em que hoje vivemos, lembro-me desses momentos o que me leva a afirmar que vamos conseguir vencer a crise, vamos reerguer-nos.
A vida faz-se de momentos difíceis e, sobretudo, são eles que nos ensinam a caminhar, a vencer os obstáculos, a triunfar. Sou dos que pensa que os meninos criados a copinhos de leite raramente serão flores que se cheirem. Dificilmente passarão de parasitas que, de algum modo, montam esquemas para que os outros os sustentem. Normalmemte, são egoistas, arrogantes, malfazejos, incapazes de um pensamento altruista, de uma iniciativa solidária. O seu mundo é o seu umbigo. Infelizmente, a política alimenta muitos destes cromos, nascidos em berço de ouro, com passagens meteóricos por colégios privados que os formatam para as boas notas, para a tal competitividade do cifrão, sem alma, nem sangue quente. Dali, vão para as universidades continuar a marrar, e, em menos de um fósforo, entram nos Partidos, encostam-se a patronos e lá vão a ministros, para desgraça dos Povos. Quantos destes cromos já desfilaram perante o Povo, mentindo, fingindo que fazem, destruindo, intrigando, empatando, atrasando, roubando? O resultado está à vista: países sempre em crise, sempre pobres, sempre à espera de um Messias.
Todos somos cúmplices, pois todos deixamos esta hidra avançar, estender-se, reproduzir-se. Adiamos tudo. Não agarramos os problemas pelos cornos, metêmo-los na gaveta, varrêmo-los para debaixo do tapete. Há décadas que o comportamento dos políticos é decepcionante. Por isso, chegámos onde chegámos. Nem fazemos nem deixamos fazer. Vamos adiando, distraídos, incompetentes, ridículos. Quem acredita na política? Perdemos milhões. Perdemos os Países. Queimamos a galinha dos ovos de ouro, com a cesta e os pintos. Será que a tragédia que nos apavora, hoje, terá a força de acordar as consciências e a razão destes políticos da treta para que, de uma vez por todas, daqui para a frente, se deixem de tricas, de guerras de umbigo e comecem a pensar nos Países que todos merecemos mas que eles nunca conseguiram construir? Acordem, seus coisos! O que sofremos hoje é da vossa responsabilidade. Não sacudam a água do capote. Vós construís as tragédias. Cresçam. Sejam pessoas. É altura de deixarem de ser copinhos de leite e de se tornarem homens adultos. Os Povos precisam dos políticos, mas de políticos que pensem nos Países, nas Pessoas, na qualidade de vida das famílias, no desenvolvimento humano. Em próximas eleições, vamos saber escolher?