Sobressai a vitória do partido populista AfD, de fundamento ultra direitista, algo que não se via com tanto fulgor, depois do final da República de Weimar, que precedeu a ascensão de Hitler ao Reischtag (parlamento), e concomitantemente à sua eleição de chanceler, à frente do seu partido NSPD (Partido Nacional Socialista Democrático), ultra nacionalista, de carácter nazi.
De imediato, por aqui, e por que a memória não tem perna curta, também se levanta o fantasma das anteriores eleições francesas com a senhora Le Penn à frente de outro partido populista, e que voltará de novo à liça em 2019, para eleições gerais, em que neste momento governa o primeiro ministro Emmanuele Macron.
E é neste contexto fantasmagórico possível, de “populismo” ascendente, que temos visto ultimamente Macron a fazer “futurismo”, e a preconizar para o porvir, a ideia de uma Europa verdadeiramente dos europeus.
Em 2024, todos os cidadãos dos países da União Europeia (UE) serão convocados a eleger o Parlamento, onde metade dos deputados irão ser eleitos através de listas transversais composto de candidatos saídos de todos os Estados aderentes.
Entretanto, Macron vai discursando para lá das suas fronteiras em direcção à Alemanha de Merkel, mas também para consumo interno no intuito de conter os propósitos nacionalistas que cresceram nas últimas eleições francesas, ao mesmo tempo discrepando esses afloramentos existentes no Reino Unido.
Assim, com o seu actual discurso, Macron pretende refundar uma UE mais solidária e crente na necessidade de maior integração social, algo que, até agora e após a eleição de Merkel, ela não abordou, sentindo-se que irá manter o rumo da sua linha anterior, e com isso continuar a abrir as portas aos nacionalistas do ApD de extrema-direita.
Em absoluto transparece a ideia de que, depois de anos sucessivos de crise, Macron quer marcar a sua liderança na França, e na União Europeia (UE).
* Historiador-investigador da FLUC