Um grupo de turistas britânicos que se dedica à observação de vida selvagem doou 500 libras, cerca de 550 euros, à Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) para apoiar a campanha contra a exploração de petróleo na região.
O dinheiro do grupo de turistas da Honeyguide Wildlife Holidays, que esteve no Algarve, de férias, em novembro de 2017, serviu para custear parte dos custos legais do processo que decorre no Tribunal de Loulé.
A SPEA faz parte da Plataforma Algarve Livre de Petróleo, que está em campanha contra a exploração de petróleo nesta região do país e se afirma preocupada pelo facto de a área destinada à exploração de petróleo em alto mar, a cerca de 46,5 quilómetros ao largo de Aljezur, ser adjacente à Zona de Proteção Especial Costa Sudoeste (ZPE).
“Existe nessa área uma elevada concentração de boto Phocoena phocoena e roaz Tursiops truncatus. Os cetáceos são conhecidos por serem altamente sensíveis ao ruido no mar, por exemplo resultante da perfuração, dado que esta atividade interfere com a sua forma de comunicação e orientação, a ecolocalização”, refere a SPEA.
Este processo não foi sujeito a avaliação de impacto ambiental nem a consulta pública, um facto contestado pelos ambientalistas.
“Os riscos de um derrame acidental são óbvios e extremamente preocupantes, tanto para a vida selvagem no mar como para a costa algarvia, para as pessoas e para as empresas turísticas que dependem dos tesouros naturais desta costa”, disse, em comunicado, o diretor executivo da SPEA, Domingos Leitão.
O grupo de observação de aves e vida selvagem da Honeyguide Wildlife Holidays, empresa sediada em Norwich, Inglaterra, fez o donativo durante uma visita ao Algarve e Alentejo em novembro de 2017.
“Proteger a natureza tem custos, portanto é com enorme gratidão que recebemos este apoio dos nossos amigos da Honeyguide. Este apoio internacional também nos relembra que a vida selvagem não reconhece fronteiras de países, o que é particularmente verdade no caso do precioso ambiente marinho”, sublinhou o dirigente da SPEA.
O dono da Honeyguide, Chris Durdin, afirmou que todas as expedições da empresa geram um donativo para fins de conservação da natureza, incluído no preço da viagem.
“Nós contribuímos sempre para a proteção da vida selvagem que vimos apreciar em Portugal e estabelecemos uma parceria de longa duração com a SPEA neste país. Tivemos a oportunidade de presenciar os prejuízos para a vida selvagem e para as comunidades costeiras do Reino Unido, resultantes da poluição por hidrocarbonetos, e estamos contentes em contribuir com o nosso apoio para salvaguardar o ambiente em Portugal”, afirmou.
Este donativo de 500 libras perfaz um total de 6252 libras entregues à SPEA desde a primeira visita de um grupo da Honeyguide a Portugal continental, em 2005.
No geral, as visitas da Honeyguide já contribuíram com 119.322 libras para fins de proteção da natureza em vários países.