O vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP) considerou hoje que a possibilidade de ligação ferroviária ao Aeroporto de Faro, que vai ser avaliada pela empresa, é um problema “essencialmente ambiental”.
“Aquilo que me dizem é que não é tanto um problema de montante financeiro, mas essencialmente ambiental. Temos de encontrar solução para, do ponto de vista ambiental, numa zona complexa, materializar essa ligação. Veremos em que condições e de que forma”, afirmou Carlos Fernandes.
O responsável falava à margem da apresentação do Projeto de Eletrificação da Linha do Algarve, que decorreu na sexta-feira na sede da CCDR/Algarve, em Faro.
O vice-presidente da IP estimou o custo da obra na ordem dos 25 milhões de euros, valores que considerou “importantes mas não proibitivos”.
Carlos Fernandes relembrou que, para já, existem apenas “instruções” do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas para desenvolver os estudos de avaliação da ligação da rede ferroviária nacional ao Aeroporto de Faro, mas que a IP gostaria de alargar esse âmbito aos dois outros principais aeroportos do continente.
“Gostávamos de, para os três aeroportos, apesar de, do ministério termos recebido instruções apenas relativamente a este [Faro], ter os estudos preparados para, se o quadro comunitário que aí vem o permitisse, poder executar esta, duas ou três destas ligações”, sustentou.
Segundo Carlos Fernandes, trata-se de um “objetivo importante” da Comissão Europeia poder ligar os “principais geradores de passageiros”.
Em relação à possibilidade de retirar a linha ferroviária do centro de Faro, o vice-presidente da IP sustentou que a questão “transcende” a empresa e que, atualmente, o que está a ser ponderado, em conjunto com a autarquia local, é “melhorar a situação existente”.
“Estive cá há poucos dias a estudar, no local, as várias soluções possíveis. Há soluções para melhorar o que existe hoje e é isso que estamos a fazer”, referiu, sobre a possibilidade de intervenções ao nível de desnivelamentos, acessibilidades e passagens de peões.
O administração da CP - Comboios de Portugal, Abrantes Machado, lembrou que a linha que atravessa a cidade de Faro é o “meio preferido de deslocação” de residentes que se deslocam de e para a capital algarvia.
“Sendo legítimos os interesses dos cidadãos de Faro, são igualmente legítimos os interesses de todos aqueles, e são muitos, que hoje utilizam essa linha para se dirigir para Faro e que, a concretizar-se o que foi aventado, deixarão de ter essa ligação direta”, acrescentou o responsável da empresa.
Abrantes Machado declarou que “será necessário fazer o balanço de quem sai beneficiado ou prejudicado”, mas que “não compete à CP pronunciar-se sobre esta questão”.