
Monchique: “Um caldo de elevado risco” com tragédia dos incêndios a somar a colapsos já existentes – ALGFUTURO
UNIVERSIDADE DO ALGARVE e ALGFUTURO vão apoiar empresários nas candidaturas; é urgente reconstruir primeiras habitações; recolher a lenha queimada e medidas excecionais para a reflorestação; e um Programa Estratégico Integrado.
Pós-incêndio, ainda hoje, face à dimensão e circunstâncias, a população não compreende nem aceita o que aconteceu. Adultos e jovens vivem em trauma e luto, com problemas sociais graves e os empresários na expetativa da concretização de soluções para os enormes prejuízos, foi uma das constatações unânimes, na reunião promovida pela ALGFUTURO - UNIÃO PELO FUTURO DO ALGARVE e que reuniu mais de 30 participantes, a maioria dirigentes associativos, realizada ontem em Monchique, na qual esteve também a Plataforma Cidadã, que tem realizado trabalho social de grande mérito.
Foi também decidido realizar reuniões quinzenais para avaliar o grau de concretização na tomada de medidas, ver as melhores formas de apoiar as populações e de cooperar com os poderes públicos. Vai também realizar-se uma reunião com a Comunidade estrangeira e outra com a Plataforma Cidadã.
A longa reunião de mais de quatro horas foi coordenada pelo presidente da Associação Empresarial ALGFUTURO, José Vitorino, que anunciou que no âmbito do Protocolo existente entre a UNIVERSIDADE e a ALGFUTURO, estarão em Monchique a partir da próxima segunda-feira técnicos para apoiar os empresários na preparação de Candidaturas para revitalização da atividade agrícola, sem que estes tenham que desembolsar pagamentos antes da aprovação das mesmas. O processo será articulado, nomeadamente, com a CÂMARA e DRAPA.
Concluiu também a ALGFUTURO que há urgência absoluta: nos apoios para recuperação das primeiras habitações pois além das más condições de habitabilidade já há roubos; para a recolha do material lenhoso queimado e corte dos ramos sobre as estradas que oferecem perigo; na criação de um parque de receção de madeiras queimadas, através da ASPOFLOBAL ou outra solução; e apoios excecionais à reflorestação, sendo insuficientes as medidas disponíveis.
O "caldo perigoso e de elevado risco" justificou um apelo público às entidades oficiais para que tomem atenção e assumam medidas proporcionais ao drama que resulta de somar à profunda a desertificação humana a desertificação florestal e "desertificação de capital", diga-se, fortíssima descapitalização do Concelho, que se prolongará durante vários anos.
Foi salientado que Monchique com vitalidade pode estar em risco, tendo em conta que o desastre de agora soma a outros colapsos, com um índice de mortalidade que é três vezes superior à média do Algarve e de Portugal, a taxa de mortalidade é superior em dois terços e taxa de suicídio das mais elevadas do país.
Acresce uma economia já muito débil, apenas com pouco mais de 700 empresas sediadas no Concelho, 1200 empregos e 50 milhões de Volume Anual de Negócios.
Perante os factos, é indispensável um Programa Estratégico Integrado para evitar o colapso do Concelho, atraindo população ativa, investimentos e turistas. É preciso coragem e perceber que são mesmo necessárias medidas muito fortes e de largo alcance, pela dimensão assumidas pelo Governo e Câmara, processo em que a ALGFUTURO e as outras associações estão disponíveis para colaborar através dos seus dirigentes e técnicos.
Embora abatida, a população quer acreditar e estar viva por dentro e por fora, mas para isso o justo apoio que é direito de cidadania perante a tragédia não pode faltar. Todos queremos confiar !