O grupo parlamentar do PCP defendeu, num requerimento enviado ao governo, a atribuição de um complemento remuneratório como incentivo para atrair mais médicos de Medicina Geral e Familiar para o concelho de Alcoutim.
De acordo com informação recolhida por uma delegação do PCP, que visitou o Centro de Saúde de Alcoutim, os dois últimos concursos para a contratação de médicos de Medicina Geral e Familiar ficaram desertos.
“Para este resultado, contribuiu o facto de o ACES Algarve III – Sotavento, onde se insere o Centro de Saúde de Alcoutim, não ter sido considerado deficitário pelo Ministério da Saúde, implicando a impossibilidade de atribuir aos médicos um complemento remuneratório como incentivo para se deslocarem para um território do interior, desertificado e despovoado”, sublinharam os deputados Paulo Sá, eleito pelo Algarve, e Carla Cruz.
Para os dois parlamentares comunistas, esta situação deve ser revista pelo Ministério da Saúde, “de forma a potenciar a contratação de médicos de Medicina Geral e Familiar para o concelho de Alcoutim”.
Em Alcoutim, a delegação comunista visitou a Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados Aleo, que inclui as extensões de saúde de Martim Longo e de Vaqueiros, tendo-se inteirado dos problemas que afetam esta unidade de saúde, que dispõe de três médicos, dois deles aposentados e a exercer funções a tempo parcial (10 e 17 horas semanais).
Por outro lado, devido à dificuldade em atrair médicos para o concelho de Alcoutim, a extensão de saúde de Martim Longo funciona apenas quatro dias por semana (um dos quais com um médico de uma empresa de prestação de serviços), quando num passado recente funcionava cinco dias por semana.
Depois da visita às instalações do Centro de Saúde, a delegação do PCP deslocou-se ainda a Alcaria Cova de Cima, uma pequena povoação do interior serrano alcoutenejo com seis habitantes, onde, na altura, se encontrava a Unidade Móvel de Saúde de Alcoutim.
Para o PCP, este equipamento “tem um papel importante na prestação de cuidados de saúde a uma população idosa e que se encontra muito dispersa pela serra alcouteneja”, mas “não deve substituir as extensões de saúde (fixas) nas povoações de maior dimensão”.
Nesse sentido, os deputados comunistas pensam que deve ser equacionada a reabertura das extensões de saúde de Giões e de Pereiro, tal como se reabriu em agosto de 2017 a extensão de saúde de Vaqueiros.
O Centro de Saúde de Alcoutim partilha a Unidade de Cuidados na Comunidade Santo António de Arenilha com os Centros de Saúde de Vila Real de Santo António e de Castro Marim.
Esta unidade já havia sido visitada pelo PCP em julho de 2018, tendo o PCP, nessa altura, questionado o Ministério da Saúde sobre os problemas existentes, designadamente os relativos à carência de profissionais de saúde e de viaturas.
O governo reconheceu, na altura, estas carências, mas não elencou medidas concretas, nem prazos, para resolver estes problemas.
Assim, o grupo parlamentar do PCP voltou a questionar a ministra da Saúde, Marta Temido, sobre as mesmas matérias.
Em causa, está a contratação de “um número adequado de profissionais de saúde, designadamente enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais” e a aquisição de “um número adequado de viaturas, permitindo-lhe realizar, sem os atuais constrangimentos, visitas domiciliárias e outros serviços no exterior”.