A obra de recuperação da Ermida de Santo António do Alto, com futuro acesso ao miradouro, a “melhor vista” da cidade de Faro, vai tornar o espaço um dos principais pontos do roteiro turístico local até final do ano.
“Até final do ano, esperamos ter o projeto totalmente concluído e ter aqui uma belíssima igreja, acessível ao público e incluída no nosso roteiro turístico”, disse o presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, na sexta-feira, durante uma visita ao espaço, no âmbito da iniciativa «Faro Positivo».
Depois da primeira fase de recuperação da ermida, que passou pela restauração do altar e da parte interior, está a decorrer, há duas semanas, a segunda fase, de intervenção e reabilitação das fachadas, à qual se seguirá a fase de dinamização, de acordo com dos projetos vencedores do Orçamento Participativo Portugal.
Inicialmente, o edifício, situado no ponto mais alto da cidade, começou como uma torre de vigia, edificada no século XV. No século seguinte, surgiu a ermida e, nos anos 30 do século passado, foi criado o espaço do Museu Antonino.
A abóboda manuelina e um retábulo feito por um dos mais conceituados entalhadores farenses, Manuel Martins, são algumas das principais características e vestígios que a antiga ermida ainda guarda.
Atualmente, estão em curso uma série de intervenções na parte exterior do edifício, num investimento municipal superior a 36 mil euros.
“É a capa protetora do edifício que está a ser tratada, mas adequando a obra às futuras funções que permitirão revitalizar este património”, nomeadamente com módulos sanitários e guarda-corpos para o acesso em segurança à torre, explicou o arquiteto municipal, António Palma, durante a visita.
A terceira fase, a avançar ainda em 2019, corresponde ao projeto de dinamização do espaço, com acesso à açoteia e ao miradouro e reabilitando também o antigo Museu Antonino, através de um dos projetos vencedores do último Orçamento Participativo Portugal – apresentado por Ana Morgado e Samanta Duarte –, a realizar em parceria com a direção regional de Cultura, que garantirá um orçamento de 70 mil euros.
“É um projeto de cidadania, que duas municípes farenses criaram para dinamizar um espaço que perdeu, ao longo dos anos, as suas funções museológicas e turísticas”, explicou o chefe da divisão de Património Cultural da autarquia.
A autarquia, acrescentou Marco Lopes, quer aproveitar “uma ermida absolutamente extraordinária, não só pela sua beleza arquitetónica como pelo seu passado”, assim como “a melhor vista” sobre a cidade e o concelho.
O dirigente autárquico lembrou ainda que o recheio que pertencia ao Museu Antonino está nas reservas da câmara desde o final dos anos 90 – decisão tomada na altura por razões de segurança e falta de visitantes –, mas será agora devolvido ao local, “com outro enquadramento e conteúdos”.

“Tem um potencial enorme do ponto-de-vista turístico. Este espaço, nos anos 60 e 70, chegou até a ser muito mais visitado do que o museu municipal”, assegurou.
A ermida era bem visível, em tempos, no alto da cidade e deu o nome à chamada rua de Santo António, mas, em meados do século passado, acabou por ficar “escondida” atrás do Liceu de Faro, agora Escola Secundária João de Deus, ressalvou Rogério Bacalhau.
“Esse edifício que aí está foi um atentado urbanístico. A avenida devia chegar aqui. Hoje, se fôssemos fazer o liceu, provavelmente havia muitas vozes contra este atentado urbanístico. A ermida perdeu muito com isso”, concluiu.