Na manhã deste sábado, pelo 53º sábado seguido, completa-se um ano sobre o aparecimento nas ruas dos Coletes Amarelos, os quais saíram às ruas de Paris e já provocaram confrontos violentos na Porta de Champerret, no norte da cidade, e na Praça de Itália, no sul, cujos confrontos entre manifestantes e polícia têm-se agudizado, tendo as autoridades respondido com gás lacrimogéneo.
Alguns dos participantes foram responsáveis pela obstrução de uma autoestrada circular durante vários minutos, obrigando as forças policiais a intervir, pelo que de acordo com o Correio da Manhã foram detidas 33 pessoas, mas os relatos variam entre os diversos órgãos de comunicação social.
Citando a plataforma ZAP.aeiou,pt “O facto de continuarmos nas ruas é uma prova de que há graves problemas neste país”, afirma um Colete Amarelo à Agência France Press (AFP). “Claro que não é comparável às primeiras mobilizações, mas continuamos aqui”, reforçou.
Não comparável aos 282 mil manifestantes que saíram às ruas há um ano, este manifestante mantém-se crente neste “núcleo duro” que não perde a esperança na luta contra as políticas de Emmanuel Macron, o presidente francês. “Muitos deixaram de se manifestar quando o governo suspendeu a subida do preço dos combustíveis”, disse.
Respondendo à violência dos Coletes Amarelos, a polícia francesa foi obrigada a disparar gás lacrimogéneo, cujos confrontos aconteceram quando este grupo de manifestantes se preparava para marchar pela cidade em direção à Gare d’Austerlitz, no sul da cidade, tendo a polícia feito algumas detenções para evitar que os manifestantes bloqueassem algumas das estradas da cidade luz.
De acordo com Priscillia Ludosky, uma das maiores figuras do movimento, as manifestações deveriam começar a intensificar-se depois do almoço, a partir das 14h00.

Recorde-se que há quase um ano, o lusodescendente Jerome Rodrigues perdeu um olho numa manifestação dos Coletes Amarelos depois de ter sido atingido por uma bala de borracha e desde então transformou-se numa das principais figuras do movimento.
“Houve um impacto muito negativo, tenho o Governo nas minhas costas, sou assediado na Internet e até já me mandaram para Portugal nas redes sociais, eu que nem sequer tenho nacionalidade portuguesa! A parte positiva é falar com muita gente, aprender muito”, salientou Jerome Rodrigues que viaja um pouco por toda a França para falar sobre as suas ideias, sendo figura assídua na televisão e contando com quase 50 mil seguidores nas redes sociais.
Jerome Rodrigues é dos primeiros a admitir que as mudanças exigidas como maior poder de compra para a classe média, uma redução drástica dos impostos ou até a saída de Emmanuel Macron do poder, não foram conseguidas.
“Mudanças não [houve], porque não ganhámos quase nada. Mas a maneira de contestação é diferente. Mostrou um contrapoder que já não era feito pelos sindicatos ou a oposição política”, afirmou o manifestante lusodescendente.