Estas eleições presidenciais trouxeram algumas novidades ao panorama político.
Em relação a Marcelo Rebelo de Sousa sempre foi pacífica a sua reeleição, pois com o apoio formal do PSD e do CDS e o apoio envergonhado do PS e contando que nenhum PR até hoje deixou de ser reeleito, outro resultado não era de esperar.
A expectativa seria toda para o segundo lugar, entre Ana Gomes e André Ventura.
Ana Gomes ganhou essa corrida mas perdeu o seu objetivo de conseguir uma segunda volta. André Ventura perdeu o segundo lugar mas foi um dos vitoriosos da noite a par de MRS.
PCP e BE são os grandes derrotados, pois Marisa fica com um terço dos eleitores de 2016 e o PCP perde para André Ventura, imagine-se no Alentejo.
O fenómeno André Ventura e o seu partido CHEGA combate-se pelas ideias e não com ameaças patéticas de ilegalidade e de insulto aos quase 500.000 portugueses que nele votaram. Desenganem-se todos os que pensam que os eleitores de André Ventura saem somente da direita, ele capta votos da extrema direita até à extrema esquerda como se viu no Alentejo.
Falta saber o que vale o CHEGA sem André Ventura. Nas autárquicas de outubro este fenómeno não terá grande repercussão, pois são eleições muito pessoalizadas. Diferente será para as próximas legislativas. A confirmar-se o crescimento do CHEGA o bloco à direita do PS terá de contar com esta nova força, seja no governo ou no apoio parlamentar.
Se este bloco à direita tiver a maioria dos deputados, o que fazer? Recusar ser governo e voltar a eleições? Repetir o que o PSOE fez com o BE espanhol?
Por último, o CDS está num aperto que o pode levar à extinção. Entalado entre o CHEGA e o IL, se não mudar rapidamente de líder passará a ser irrelevante.
* Advogado