
Portugal irá produzir hidrogénio verde até final de 2022
Portugal começará a produzir hidrogénio verde no final de 2022 e já tem agendados investimentos privados de cerca de 10 biliões de euros em oito projetos que devem avançar, disse o ministro do Meio Ambiente.
O ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes disse à agência Reuters numa entrevista efetuada por telefone que também havia vários “pré-contratos para a compra e montagem de eletrolisadores” para produzir o combustível com zero de carbono feito por eletrólise de água usando energia renovável eólica e solar, para além de começar a produzir hidrogénio verde até ao final de 2022, segmento para o qual já tem agendados investimentos privados de cerca de 10 biliões de euros em oito projetos que devem avançar em breve.
É mais caro extrair esse hidrogénio do que usar o método convencional altamente poluente de usar calor e reações químicas para liberar hidrogénio do carvão ou gás natural, conhecido como hidrogénio castanho e cinza, respetivamente.
O hidrogénio atualmente é usado, principalmente, na indústria de refinaria de petróleo e para produzir fertilizantes de amónia, mas setores como siderurgia, transporte e produtos químicos estão a iniciar o desenvolvimento de aplicações de hidrogénio em grande escala para substituir gradualmente os combustíveis fósseis à medida que os países vão tentando reduzir a poluição.
De acordo coma agência Reuters, a Comissão Europeia (CE) traçou um plano para expandir projetos de hidrogénio verde em setores poluentes para cumprir o objetivo de atingir zero emissões líquidas até 2050 e tornar-se líder num mercado que os analistas esperam valer US $ 1,2 triliões de dólares até essa data.
“Até ao final de 2022, certamente haverá produção de hidrogénio verde em Portugal”, disse Matos Fernandes. “O hidrogénio verde irá, com o tempo, permitir que Portugal mude completamente o seu paradigma e se torne num país exportador de energia.”
Interessados inscrevem-se
O ministro revelou que sete grupos apresentaram pedidos de acordo com o esquema europeu do IPCEI para projetos de interesse comum para fazer parte de um "cluster de hidrogénio" voltado para a exportação próximo ao porto de Sines, de onde o hidrogénio poderia ser enviado para Rotterdam. O investimento total é estimado em cerca de 7 biliões de euros.
Um consórcio que integra a principal concessionária portuguesa EDP, a petrolífera Galp, a maior produtora mundial de turbinas eólicas Vestas, entre outras, está por detrás de um dos projetos.
Em Estarreja, no norte de Portugal, a empresa local Bondalti Chemicals pretende investir 2,4 mil milhões de euros numa central de hidrogénio.
Ao todo, prevê-se atingir uma capacidade instalada acima de 1.000 megawatts (MW).
João Matos Fernandes disse também que Portugal está a negociar com Espanha a construção de um gasoduto para gases renováveis, incluindo hidrogénio, que ligará Sines a França, passando por Espanha.
PLANOS DE LÍTIO
Espanha e Portugal também querem desenvolver um ambicioso projeto de lítio transfronteiriço aproveitando a proximidade geográfica de seus depósitos de lítio e com o objetivo de cobrir toda a cadeia de valor da mineração à refinaria, fabricação de células e baterias incluindo a reciclagem de baterias, disse Matos Fernandes.
Portugal já é um grande produtor de lítio de baixo teor principalmente para a indústria cerâmica, mas prepara-se para fabricar metal de alto teor para baterias de automóveis elétricos.
Um concurso de licenciamento muito aguardado para essas áreas contendo lítio, que entretanto foi adiada devido à pandemia Covid-19, deve ocorrer até ao final do ano, disse Matos Fernandes.
O ministro, segundo a Reuters, prometeu que a licitação atenderia às preocupações ambientais das comunidades locais e que não haveria mineração de lítio “a qualquer custo”.
O ministro disse ainda que Portugal vai usar a sua presidência de seis meses no Conselho da União Europeia para finalizar uma lei histórica que tornará irreversíveis as metas climáticas dos países e do bloco europeu e acelerará a redução das emissões nesta década, prevendo-se que seja aprovada na primeira metade de 2021.