O INGD de Moçambique anunciou hoje que cerca de 30 mil pessoas que continuam escondidas no distrito de Palma precisam de apoio urgente para os próximos 30 dias, nomeadamente alimentos, medicamentos e assistência médica e psicossocial.
Está também a ser hoje noticiado pela Record TV Europa esta situação, que se arrasta “desde o dia 24 [em que ocorreram os ataques de grupos armados à vila]", com cerca de 30 mil pessoas deslocadas, permanecendo em Palma, afirmou o diretor da Área de Prevenção e Mitigação do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), César Tembe.
César Tembe relatou também que a assistência humanitária ao referido grupo de deslocados está avaliado em cerca de 41 milhões de meticais (pouco mais de 522 mil euros) só para os próximos 30 dias.
As vítimas dos ataques de Palma necessitam de imediato de alimentos, medicamentos e assistência médica e psicossocial, acrescentou.
“Para este grupo de pessoas já estão a ser enviados recursos e estamos a fazer a mobilização de mais recursos adicionais”, destacou César Tembe, sem entrar em pormenores.
Os cerca de 30 mil deslocados que abandonaram a vila mas não saíram do distrito de Palma juntaram-se a cerca de 6.500 pessoas que foram retiradas da vila para Pemba, a capital da província de Cabo Delgado.
Parte dos deslocados que se encontram na cidade de Pemba estão em dois centros de acomodação e uma outra parcela foi acolhida pelas respetivas famílias, afirmou o diretor da Área de Prevenção e Mitigação do INGD.
Segundo a Record TV Europa, César Tembe enfatizou que a fuga em massa provocada pelos ataques de grupos armados à vila de Palma “incrementou” o número de deslocados gerados pela violência armada no norte e no centro do país, passando a cifra a ultrapassar 722 mil pessoas obrigadas a fugir de casa.
Crise humanitária atinge mais de 700 mil pessoas
A violência desencadeada há mais de três anos na província de Cabo Delgado ganhou uma nova escalada há uma semana, quando grupos armados atacaram pela primeira vez a vila de Palma, que está a cerca de seis quilómetros dos multibilionários projetos de gás natural.
Os ataques provocaram dezenas de mortos e obrigaram à fuga de milhares de residentes de Palma, agravando uma crise humanitária que atinge cerca de 700 mil pessoas na província, desde o início do conflito, de acordo com dados das Nações Unidas.
A crise humanitária em Moçambique, é conhecida do presidente Filipe Nyusi e todo o mundo sabe que cresce à medida que os jihadistas queimam aldeias inteiras, decapitam pessoas, incluindo crianças, e cometem outros crimes, como uma vez mais advertiu a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) no passado dia 22 de março.
No centro do país, ações armadas atribuídas à Junta Militar, uma dissidência da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, provocaram a morte de pelo menos 30 pessoas e o deslocamento forçado de centenas de famílias, lê-se na Record TV Europa.