
Ryanair critica apoio estatal à TAP e o Governo acusa-a de aproveitamento
A companhia aérea irlandesa Ryanair criticou Portugal por "desperdiçar" dinheiro dos contribuintes na TAP, empresa que considera "falida", enquanto que o Governo português acusa-a de se aproveitar da pandemia para atacar várias companhias aéreas europeias.
De acordo com a notícia veiculada hoje (27) pela agência EFE, estas posições foram transmitidas durante uma videochamada realizada esta quarta entre o presidente da Ryanair, Michael O'Leary, e o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, informaram ambos em comunicados.
A relação entre o Governo português e a Ryanair tornou-se tensa depois da Justiça europeia ter dado razão à companhia irlandesa na semana passada e anulado o aval da Comissão Europeia que permitiu resgatar a TAP em 2020.
O ministro português acusou então a Ryanair de tentar aproveitar a situação para ganhar negócio à TAP, algo que O'Leary negou durante a reunião desta quarta-feira.
A companhia "low-cost" disse em comunicado que não se trata de uma guerra comercial: "chama-se concorrência".
A Ryanair "não acredita que 3.000 milhões de euros dos escassos fundos dos contribuintes portugueses devam ser desviados do investimento em escolas, hospitais e outras infraestruturas bastante necessárias para subsidiar uma companhia falida e com preços altos como a TAP", assinala o documento, segundo a agência EFE.
O'Leary ressaltou ainda que é necessário investir e abrir o aeroporto complementar do Montijo, uma infraestrutura planeada ao sul de Lisboa que não avança devido a vários obstáculos, sobretudo o seu impacto ambiental.
Governo português rejeita "intromissões"
Noutro comunicado, a que a EFE teve acesso, o Ministério das Infraestruturas referiu que a Ryanair é uma empresa privada que não deve "interferir" nas decisões do Governo português, que "não aceita interferências ou lições de uma companhia aérea estrangeira que responde só aos seus acionistas".
O ministério ressaltou que a empresa irlandesa está a tentar "aproveitar" o impacto da pandemia para "atacar um conjunto de empresas europeias de central importância para vários Estados-membros".
"Face aos sistemáticos atos hostis de ataque à TAP, a Ryanair não deve esperar do Ministério uma atitude de cooperação ou mesmo de indiferença", avisou, e defendeu que o investimento na TAP é "estratégico e estrutural" para a economia portuguesa.
O Estado português controla a TAP desde o ano passado, quando chegou a um acordo com os acionistas privados da companhia aérea para aumentar a sua presença de 50% para 72,5% e salvá-la da falência.
A companhia aérea recebeu um empréstimo de 1.200 milhões de euros em troca da implementação de um plano de reestruturação, lê-se na notícia veiculada pela agência FEF.
No último mês de abril foi aprovada outra ajuda de 462 milhões, que a Ryanair também planeia apelar.