
Movimento Patriótico para Salvaguarda e Restauração assume controle de Burkina Faso
Centenas de pessoas marcharam hoje (25), terça feira, pelas ruas da capital de Burkina Faso numa demonstração de apoio à nova junta liderada por militares que derrubou o presidente democraticamente eleito Roch Marc Christian Kabore e assumiu o controle do país.
Foram dias de tiroteio e incerteza em Ouagadougou segundo a APNews, que terminaram esta segunda-feira à noite, quando mais de uma dúzia de soldados declaravam à imprensa local que o país está agora a ser administrado por sua nova organização - o Movimento Patriótico para Salvaguarda e Restauração.
“Os eventos de hoje marcam uma nova era para Burkina Faso. Eles são uma oportunidade para todo o povo de Burkina Faso curar suas feridas, reconstruir sua coesão e celebrar o que sempre nos fez quem somos: a integridade”, disse o Capitão Sisdore Kaber Ouedraogo.
Esta terça-feira, de acordo com a APNews, Ouagadougou estava lotado de pessoas aplaudindo, cantando e dançando e houve relatos de celebrações noutras partes do país.
O golpe ocorreu depois de várias manifestações terem sido realizadas contra o governo Kabore, que foi criticado pela ineficácia da sua resposta à violência extremista islâmica.
“Estou feliz por estar aqui esta manhã para apoiar a junta no poder. Desejamos que o terrorismo seja erradicado nos próximos meses ou anos”, disse Salif Kientga, que estava no comício na capital.
Alguns apoiantes agitavam bandeiras do Mali e de Burkina Faso e seguravam fotos do governante da junta do Mali, o coronel Assimi Goita, ao lado do novo líder de Burkina Faso, tenente-coronel Paul Henri Sandaogo Damiba, dizendo que o regime militar era a única maneira de retirar os dois países de crise.
Outros gritaram “Abaixo a CEDEAO”, o bloco regional da África Ocidental que recentemente sancionou o Mali por adiar as eleições e que também condenou a tomada do poder militar em Burkina Faso.
Refere também a APNews , que a junta fechou as fronteiras, impôs um toque de recolher, suspendeu a Constituição e dissolveu o governo e o parlamento e disse que devolveria Burkina Faso à ordem constitucional, mas não especificou quando.
Os soldados disseram que o presidente deposto está seguro, mas não revelaram o local onde se encontra detido. Uma carta de demissão de circulação pública assinada por Kabore dizia que ele estava deixando o seu cargo pelo melhor interesse do país.
A APNews salienta que o golpe ocorre após meses de crescente frustração com a incapacidade do governo Kabore de conterum insurgimento jihadista que assolou o país, matando milhares e deslocando mais de um milhão e meios de pessoas.
Contudo, ainda não está claro o que pode mudar no país sob a nova junta, já que os militares mal equipados lutam para combater os jihadistas ligados à Al Qaeda e ao grupo Estado Islâmico.