
Alunos de Faro assinalam memória das vítimas do Holocausto
Os alunos do Agrupamento de Escolas Tomás Cabreira, em Faro, estão a realizar iniciativas para assinalar a data da libertação do campo de concentração e de extermínio de Auschwitz-Birkenau.
O projeto « Nunca Esquecer o Holocausto - O olhar dos alunos do Agrupamento de Escolas Tomás Cabreira», no âmbito do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto (27 de janeiro), envolve turmas dos cursos de Línguas e Humanidades, Artes Visuais, Artístico Especializado de Design da Comunicação e PIEF, da Escola Secundária do Agrupamento de Escolas Tomás Cabreira, e de História e Cidadania e Desenvolvimento do 3.º ciclo do ensino básico, da Escola EB 2,3 Dr. Joaquim Magalhães, com a participação de professores de várias disciplinas, nomeadamente História, História da Cultura e das Artes, Português, Desenho, Aplicações Informáticas, Psicologia, Sociologia, Desenho, Educação Física e Cidadania e Desenvolvimento.
A iniciativa teve início com a palestra online «Anti-semitismo, Holocausto e tempo presente», proferida pelo professor Avelãs Nunes, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, a que se irão seguir outras iniciativas criadas pelos alunos.
Agenda com várias ações
Está agendada a visualização e debates de filmes e de documentários, como «Aristides de Sousa Mendes – o cônsul de Bordéus», de João Correa e Francisco Manso, «Last Days», de Steven Spielberg, «Um dia em Auschwitz» e «Mulher de Ouro»; a divulgação de textos poéticos e musicados e de biografias de Maurice Epstein, um judeu português; a exposição de cartazes, desenhos, pinturas e textos que assinalam a memória das vítimas do Holocausto; e a exposição de obras plásticas de momentos da vida e obra de Aristides de Sousa Mendes em diversas correntes artísticas.
Os trabalhos serão expostos na Escola Secundária Tomás Cabreira e na Escola EB 2,3 Dr. Joaquim Magalhães ao longo do ano e divulgados no site e redes sociais do Agrupamento.
O projeto «Nunca Esquecer o Holocausto» pretende “desenvolver aprendizagens e competências de sensibilização e de consciencialização dos direitos humanos, valorização da dignidade humana, defesa de uma sociedade democrática e inclusiva e não permitir que, volvidos 77 anos, a memória do Holocausto se extinga nem se esqueçam os perigos que resultam da intolerância, racismo, xenofobia, discriminação e ódio”, refere o agrupamento escolar.
Poemas de alunos
Foi assim que ocorreu há Tempos atrás
O homem tem em si tanta crueldade
Não sabe fazer nada se não o mal
Perdeu o significado de Humanidade
Provocando um caos abismal
Vidas tiradas a sangue frio
Ou então em camaras de gás
Num lugar onde tudo era sombrio
Ocorreu assim há tempos atrás
Milhões perderam suas batalhas
Nos campos onde a crueldade reinava
Atrás daquelas grandes muralhas
Que aquele tirano dominava
Nestes sítios tudo era forçado
No qual tudo era contra a vontade
Onde estar mais um dia acordado
Era o único motivo de felicidade
Pessoas agarradas à sua crença
Acreditavam de que tudo era capaz
Deste modo não morria a esperança
E foi assim que ocorreu há tempos atrás
Ana Zlatov e Carolina Marques, 12.º ano
Nunca esquecer o Holocausto
I
Um longo suspiro
E tudo ruía.
Ruínas de memórias atravessadas
Torturas, avarezas condenadas.
Num interminável silêncio
Tudo se ouvia.
Aqueles que gritavam
Aqueles que não acudiam.
II
Sacos sacudidos
Já sem nada por dentro,
Porque por dentro
Já haviam sido levados.
Levados com o sol, a neve, o vento,
Permaneciam sem alento.
Morenos de olhos escuros,
O nariz peculiar.
Porque os haviam de condenar?
III
Cobertos de sujidade,
nem tinham onde se lavar.
Arrastados para a morte
Onde não havia luz.
Aqueles cantos imundos
Onde só o terror impera.
Permanece o terror
Nesses segundos
Passados, vagarosos
Para quem lá desabava.
IV
Arrepios!
São de frio, são de pavor
O desdém dos puros
Sem preocupações, desumanos
Pelo ódio, pela raiva
Já cá não estão os que vós repudiais.
Sob um nevoeiro
Tudo se desvanecia
Nada se perdia
Porque nada era tudo o que tinham.
Pisava o chão enojado
De horrores,
Pés ensanguentados, pintados de
encarnado
Que veria depois?
Que sentiria?
Somente uma fumaça,
Dali não sairia.
Margarida Coimbra, 12º ano